E quando coloco minhas viseiras e cego permaneço, ainda sinto tudo aquilo que detesto, um cheiro, que causa ânsia, me aperta o estômago, to tão cansado de todo esse perto, dessa rixa, dessa briga que não tem fim, recorro ao álcool pra me aquecer, aquecer as dúvidas que são insanas, aquecer as lamúrias que não são poucas, esquecer que a sociedade trata da vida das pessoas como meras gincanas, esquecer que eles sempre reparam nas minhas roupas
Mas eu ainda estou aqui de pé e eles também, são persistentes esses miseráveis, se julgam mais fortes do que a crença e a fé, são como finais inigualáveis, não subestimem a batalha, a batalha é constante, interna, implícita, por mais que vocês procurem a fonte, nunca vão encontrar o que derrubou a certeza e a convicção, de que o judicial é um comércio, tipo belo monte
Ato criminal ou defesa ilegítima, a guerra é legítima e mais legítimas que a guerra são as lágrimas de quem tenta se impor, se sobressair, com suor e com amor, vítimas, essas sim são explicitas, expostas nas manchetes, com suas marcas registradas em todos os cacetetes, usufruem da nossa imagem pra fazer um bom enredo, constroem um curta metragem, em cima do seu medo.
E quando o terço vem a mão e o pulseira verde do posto vai ao chão, você se deixa acordar por um grito que ecoa, um mulher a chorar, é mais uma alma que decola, mais uma vítima da guerra civil que te jogou no chão, outra mulher que perdeu o irmão, é amigo, agora você se lembrou que vive no Brasil? É só mais alma, é sou um outro óbito, no meio de tantas, só se acumula o ódio, que vira esquecimento, o retrato na estante, o relento, mas quem tira o pó da estante, não se esquece do sorriso que se foi.
Cansados de conversar? Eu tenho mais pra dizer, rasgando com meu verbo tenho uma limpeza social a ser feita, Quero desenrolar, desfazer os nós da minha mente, das mentiras que eu ouvi de você
Porque eu não achei minha identidade no esgoto e muito menos tatuei um código de barra pra virar produto governamental, E esse seu pensamento ultrapassado e escroto, já não passa de uma crise mediana, insegura e pessoal
Mas quem aconselha amigo é, anota já pra não se esquecer, faça suas malas, planeje sua rota, fuja pra onde quiser, porque revolução já é bem mais do que escrever, ela bate a sua porta, estamos nos jornais, não amos desistir, os dias atuais são dias de luta, perfeitos pra ir e vir, livremente construiremos o brasil que carregamos nos nossos mais profundos sonhos.
E hoje uma frase amanheceu no mau caderno, não sei por quanto tempo eu a deixei lá pra mofar, sim, ela compõe mais uma das minha narrativas extensas e intermináveis, é parte do meu espirito criativo, ininterrupto, impagável e insaciável, são pensamentos inesgotáveis e frases marcantes que permanecem na minha mente até que chega a hora de serem pronunciadas.
Mas essa frase porém se difere das minhas outras, é bem mais do que só o reflexo do que meus olhos gravam em rotinas urbanas, é bem mais do que a fome de justiça e mudança que carrego na minha linha calejada, não, é bem mais.
Sem pudor, sem aspas, pra gritar bem alto, exclamar com convicção, com cara de mal, pra que o recado seja dado, o que deve ser dito será dito, pois o crédito de omissões já estourou o limite do cartão nacional, a esperança nada tem de efêmera e o brasileiro nada tem de ignorante, nosso suor um dia vai vingar, podem rir pros meus textos, pra outros textos, riam também das faixas, das prisões, das máscaras, mas a hora de limpar a bagunça vai chegar e eu repito :
A esperança nada tem de efêmera